Campo Grande (MS) – Parcerias da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) possibilitam capacitação e geração de renda para reeducandas do Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi”, através da produção de artesanato. Na manhã desta quarta-feira (22), as detentas receberam das mãos das autoridades carteiras do artesão, fornecidas pela Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS) e certificados do curso de confecção de vestuário em crochê, oferecido pela Fundação Social do Trabalho (Funsat).
Rossi Silvana Toledo Pereira, 39 anos (foto), é uma das internas que agora estão cadastradas oficialmente como artesãs. Ela também foi uma das 15 reclusas certificadas no curso oferecido pela Funsat e acredita que a capacitação, aliada à identificação profissional, irá contribuir para a construção de uma nova história de vida. “Acho que isso agrega valor ao meu trabalho, que receberá um olhar melhor da sociedade também”, afirma.
A reeducanda Gianne Valadares Amorin, 47 anos, também faz planos com o que aprendeu no curso de confecção de vestuário em crochê e por ter recebido a carteira de artesã, documento que assegura o acesso a vários benefícios concedidos a esse tipo de profissional. “Quero trabalhar mais com roupinhas e peças para bebês, acredito que têm mais saída. É uma porta que está aberta”, diz.
No total, 19 custodiadas que trabalham com artesanato no presídio receberam a carteira do artesão. Conforme a Fundação de Cultura, outras 295 carteiras estão sendo castradas, beneficiando também internos das demais unidades prisionais da Capital que atuam na área.
Para a diretora do Estabelecimento Penal, Mari Jane Boleti Carrilho, as oportunidades de reinserção oferecidas trazem novas perspectivas de futuro às internas. “Desperta vocações e talentos, possibilitando que nossas custodiadas desenvolvam um espírito autônomo e empreendedor”, destaca.
De acordo com o diretor-presidente da Agepen, Ailton Stropa Garcia, a instituição vem buscando mecanismos para garantir mais ocupação produtiva e auxílio financeiro aos reeducandos. “Procuramos parcerias para fortalecer os trabalhos que desenvolvemos e, assim, possamos conseguir ampliar os índices da não-reincidência criminal em nosso Estado”, assegura.
Dentro desse contexto, além de o oferecimento de espaços para a comercialização das peças e da habilitação oficial dos detentos como artesãos, a Secretaria Estado de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação (Sectei) está analisando a possibilidade de que eles sejam inseridos em outros programas sociais, segundo o secretário Athayde Nery. “É a mão do Estado se estendendo a essa população vulnerável, pessoas que precisam, possibilitando novas oportunidades de reinserção”, afirma.
O Município também está disposto a contribuir nesse processo, conforme o presidente da Funsat, Cícero Ávila. “Além do curso oferecido no presídio feminino, a fundação está à disposição para novas parcerias que possibilitem a reintegração social. Estamos verificando outras opções que possam assegurar o ingresso e a permanência desse público no mercado de trabalho”, informa.
Também participaram da solenidade de entrega das carteiras de artesão e de certificados do curso de crochê a promotora da 50ª Promotoria de Justiça, Jískia Trentin; o diretor-presidente da Funsat, Cícero Ávila, os superintendentes da Secretaria de Justiça e Segurança Pública, Rafael Garcia Ribeiro (Políticas Penitenciárias) e Luiz Carlos Garcia Gomes (Políticas de Segurança) e o superintendente de Cultura da Sectei, Zito Ferrari, entre outras autoridades.