Campo Grande (MS) – Técnicas que proporcionam harmonia entre o corpo, a mente e a respiração estão ajudando a tornar o ambiente mais tranquilo no Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi” (EPFIIZ), na capital. A arte milenar do yoga é praticada uma vez por semana com as detentas, graças a uma parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), a Escola Clássica Cristina Lopes e a 50ª Promotoria de Justiça.
Iniciado há duas semanas, o projeto “Semente do Amor” será realizado até dezembro e já conta com a participação de 40 internas, divididas em duas turmas. Com 30 minutos de duração, as aulas buscam desenvolver a respiração, meditação, alongamento, concentração e diferentes posturas para trabalhar a flexibilidade, força e equilíbrio das internas.
Há 17 anos atuando como professor de yoga, o educador físico e pós-graduado em Meditação, Marco Antônio Gerevini, defende que a iniciativa traz inúmeros benefícios desde o físico até o mental. “Muitas internas reclamam de dor no corpo por ficar muito tempo dentro da cela, então o yoga melhora a postura, alivia a dor, além de ser um momento de sociabilização e de verem que a vida pode ter um novo rumo”, afirma o professor e idealizador do projeto.
A ideia surgiu após Marco Antônio participar de uma palestra em que um ex-detento contou que se redescobriu, ainda dentro do presídio, ao ter contato com um livro de yoga. Desde então, passou a praticar os ensinamentos dentro da cela, além de ensinar aos colegas; após ganhar a liberdade, escreveu o próprio livro contando sua trajetória. “Depois que conheci essa história, eu fiquei com aquela ideia de que um dia iria fazer algo para ajudar quem está dentro de uma prisão”, revela. “Esse ano eu resolvi colocar em prática e doar meu tempo dando uma oportunidade para essas mulheres”, completa o instrutor voluntário.
Presa há pouco mais de um ano, a interna K. A. R., 26 anos, está em sua segunda aula e declara que tem sido bem proveitosa. “Saio renovada, me sinto melhor, mais calma e isso contribui até na minha relação com minha filha, aprendo a oferecer mais amor e ter mais paciência”, diz a detenta que tem um bebê de apenas cinco meses, que está com ela na unidade prisional.
Segundo a diretora da unidade penal, Mari Jane Boleti Carrilho, iniciativas que trazem equilíbrio emocional e aumentam a qualidade de vida possuem grande aceitação por parte das reeducandas. “Proporcionar momentos de lazer também é uma forma de tirar a ociosidade, além de contribuir na mudança de comportamentos, o que melhora também na disciplina da unidade”, destacou.
Para o desenvolvimento do projeto, a 50ª Promotoria de Justiça, representada pela promotora Renata Ruth Goya, realizou a doação dos colchonetes e intermediou o contato com o professor para atender ao sistema prisional. No EPFIIZ, os trabalhos estão sendo coordenados pela agente penitenciária Janaína Ajala.
As ações de reinserção social dentro das unidades penais do estado são coordenadas pela Diretoria de Assistência Penitenciária (DAP) da Agepen.
Texto e fotos: Tatyane Santinoni, Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen)