Campo Grande (MS) – Há cerca de dois meses, a Unidade Regional de Perícia e Identificação (URPI) de Dourados coleta material genético dos presos condenados por crimes hediondos que cumprem pena na cidade, tanto em regime fechado como semiaberto. Esse trabalho tem o objetivo de formar o banco de perfis genéticos e auxiliar as Polícias Civil, Federal e outras autoridades em suas investigações e garantir provas consistentes para um futuro julgamento no Judiciário.
Após coletadas, as amostras biológicas são encaminhadas ao Instituto de Análises Laboratoriais Forenses (IALF), localizado em Campo Grande, para serem processadas pelos peritos criminais e inseridas nos bancos de perfis genéticos estadual e nacional.
Com isso, diversos detalhes do DNA desses condenados constam em um sistema inteligente que permite a identificação deles a partir da coleta de material genético. Caso eles cometam outro crime em qualquer lugar do Brasil e for encontrada gota de sangue, suor ou mesmo digitais poderá ser possível descobrir de quem se trata.
Esse trabalho é desenvolvido em parceria com a Justiça Estadual e o Ministério Público. Os juízes encaminham ofício ao Presídio de Dourados autorizando a coleta, a Perícia Oficial Forense informa o dia da execução do serviço e a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) separa 15 presos para passarem pelo processo.
Até agora já foi coletado material genético de 100 condenados e esses números aumentam regularmente. Para os detentos do semiaberto, eles são conduzidos até URPI de Dourados semanalmente.
O chefe do Núcleo de Medicina Legal de Dourados, o perito médico legista Guido Vieira Gomes, explica que essa ação cumpre legislação nacional de 2012 e foi desenvolvida depois que ele capacitou-se no Congresso de Criminalística que aconteceu em novembro de 2015 em Búzios (RJ).
“Um exemplo bem esclarecedor da importância deste banco nacional está no uso dele em casos de estupro sem autoria. Nestes crimes geralmente é coletado material da cavidade vaginal da vítima e este é encaminhado para inclusão do banco nacional. Após um tempo, este criminoso vindo a cometer outro crime hediondo, os dados podem ser comparados para chegar à autoria do crime sexual”, detalha Guido.
Guido Vieira Gomes ainda ressalta que essa ação feita no Estado, também pode esclarecer a resolução de um crime praticado em qualquer lugar do Brasil. “O interessante é que como o banco é nacional, o autor pode ser identificado a qualquer momento, independente de onde foi o crime”, aponta.
O presidente do Sindicato dos Peritos Oficiais Forenses de Mato Grosso do Sul (Sinpof-MS), Saule Viganó Neto, destaca que iniciativas como esta demonstram o alto nível de desenvolvimento da Perícia Oficial Forense de Mato Grosso do Sul no combate à criminalidade. “Um trabalho conjunto entre Perícia Oficial Forense, Judiciário, Ministério Público e demais autoridades que resulta em aparelhamento dos serviços de segurança pública para se evitar a impunidade, principalmente em crimes hediondos”, analisa.
Colaborou, Rodolfo César – Sinpof