Campo Grande (MS) – O Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, José Carlos Barbosa, apresentou nesta quinta-feira (8), durante sessão ordinária da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, que contou com a presença do ministro da Defesa, Raul Jungmann, um diagnóstico dos problemas da região de fronteira de Mato Grosso do Sul, que conta 1.517 km, dos quais 1.131 com o Paraguai e 386 com a Bolívia, sendo 549 km de fronteira seca.
Conforme relato feito pelo secretário José Carlos Barbosa aos parlamentares e autoridades, Mato Grosso do Sul é um Estado rico em Belezas Naturais, mas que divide espaço com outra realidade, a necessidade de cuidar de suas fronteiras. “Temos 12 municípios localizados na linha de fronteira, que somados aos 32 que são da faixa de fronteira, totalizam mais de um milhão de habitantes. Nós temos a maior concentração de cidades gêmeas do Brasil. Somos recordistas em apreensão de drogas, com 280 toneladas em 2015 e a expectativa para esse ano é que devemos ultrapassar a marca de 300 toneladas de entorpecentes apreendidos”.
Para o dirigente da pasta de Segurança Pública do Estado, é impossível se pensar hoje em segurança das fronteiras sem a presença marcante da União. “Temos uma guerra instalada no Brasil. Um sistema prisional que precisa ser reformulado. O Estado, por exemplo, possui cerca de 16 mil presos, desses mais seis mil são oriundos do tráfico de drogas. Nós gastamos em média 130 milhões por ano com 41% dos presos, recurso que deveria ser destinado ao MS pelo Governo Federal, devido à natureza do crime. Por isso proteger o Mato Grosso do Sul é proteger o Brasil”, explanou o secretário durante o seu discurso.
Na ocasião, o ministro Raul Jungmann apresentou dados sobre o trabalho que vem sendo realizado pelo Governo Federal para a segurança do País e destacou que as questões de fronteiras estão sendo tratadas como prioridade. “Na fronteira muita das vezes se inicia o crime que vai explodir nas nossas capitais e cidades. Temos 17 mil quilômetros de fronteiras, sendo nove mil molhadas e sete mil secas. São 10 países com quem estamos em paz. Temos as três forças armadas atuando com ações repressivas e preventivas, mas isso não basta. Precisamos integrar prefeituras, Receita Federal, Ibama, todas as polícias, os países vizinhos,entre outros, para então conseguirmos avançar”, explicou.
Ainda de acordo com o ministro da Defesa, o atual governo já está realizando uma reformulação no programa de fronteiras. “Dentre as ações previstas para serem desenvolvidas no próximo ano estão a atuação do Gabinete Conjunto de Gerenciamento das Fronteiras, que vai integrar todas as forças, dar prioridade a intensificação de operações de inteligência, além da destinação de 340 milhões para serem investidos no Sistema Integrado de Monitoramento das Fronteiras (SISFRON), sendo que o projeto piloto será realizado em Dourados. Portanto dentro das fronteiras a prioridade está aqui nesta região”, anunciou o Jungmann.
Outra medida que também está sendo adotada pela União em relação à segurança das fronteiras é a implantação de núcleos de inteligência em cinco estados da Federação, Mato Grosso do Sul será o primeiro a contar com o novo órgão que vai auxiliar na atuação contra os crimes fronteiriços.
“Esse núcleo que começa a ser implantado nesta quinta-feira, terá a participação de vários órgãos estaduais e federais. É muito importante essa integração entre as polícias. Tem muitas pessoas que defendem a criação de muros entre as fronteiras, eu defendo que temos que construir pontes para termos cada vez mais ações integradas. Estamos fortalecendo nossas estruturas, por meio do programa MS Mais Seguro, que está investindo mais de R$ 96 milhões em equipamentos de proteção pessoal, viaturas, armamentos, munições e fortalecimento das nossas policias”, destacou o governador Reinaldo Azambuja, que ainda pediu ao ministro uma atenção espacial em relação ao projeto que institui o adicional aos efetivos que atuam na região de fronteira.
Ainda durante a sessão ordinária foi entregue ao ministro Raul Jungmann, a Carta de Campo Grande, documento resultado de audiência pública, proposta pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Junior Mochi (PMDB) e o deputado Coronel David (PSC), que discutiu a segurança nas fronteiras e está disponível na íntegra clicando aqui.