Campo Grande (MS) – Com o objetivo de estabelecer parcerias para combater fraudes e irregularidades nas ligações de água, o gerente comercial da Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul), Onofre Assis Souza, ministrou palestra na Academia de Polícia Civil (Acadepol/MS) na última sexta-feira, 30 de outubro. “A água é um bem finito, e justamente por isso é importante a união de esforços para combater as perdas de água, tanto por vazamentos quanto por irregularidades”, explicou Onofre.
Durante a palestra “O saneamento no Estado de Mato Grosso do Sul e o desafio de reduzir perdas aparentes”, o gerente comercial da Sanesul destacou a necessidade de se ampliar a discussão com a sociedade e entidades de classe sobre o saneamento básico e redução de perdas, sobretudo, nos casos de irregularidades (fraudes) existentes nos sistemas de abastecimento de água e/ou esgoto sanitário do Estado operados pela Sanesul.
Em 2010, as perdas das empresas operadoras com vazamentos, roubos e ligações clandestinas, falta de medição ou medições incorretas no consumo de água, alcançaram, na média nacional 37,5%, sendo 32,59% a média na região Centro-Oeste. Estudos mostram que a redução de apenas 10% nas perdas no País agregaria R$ 1,3 bilhão à receita operacional com a água, o equivalente a 42% do investimento realizado em abastecimento de água para todo o País naquele ano.
A redução de perdas mais significativas ainda ajudaria as empresas a terem recursos para a expansão do atendimento em água potável, garantindo saúde, desenvolvimento socioeconômico e evitando danos ao meio ambiente, na medida em que obriga a busca por novos mananciais e ampliação do esgotamento sanitário.
Perdas de água
Sistemas de abastecimento de água apresentam perdas, que acontecem por vazamentos ou extravasamentos nas unidades operacionais do sistema (perdas reais), ou quando a água que é distribuída para os usuários não é contabilizada, devido a submedição e fraudes (perdas aparentes).
Para combater as perdas por fraudes, a Sanesul analisa mensalmente os dados disponíveis no sistema e cadastro comercial das ligações ativas com baixo consumo (de 0 m³ a 9 m³), os grandes consumidores (condomínios residenciais, indústrias e grandes comércios) e as denúncias advindas de terceiros, dos funcionários e códigos de leitura apontados no campo, além de análises aleatórias por faixas de consumo.
Além disso, analisa as ligações com corte de fornecimento de água por débito (ativas) e as ligações suprimidas por débito (inativas), que muitas vezes são fontes de irregularidades geradas pelos clientes inadimplentes.
Após a análise, são selecionadas as ligações com suspeitas de irregularidades detectadas na análise e é programada uma inspeção predial, na ligação e no imóvel, após a comunicação ao cliente.
Água, um bem finito
É importante reduzir as perdas de água tanto reais quanto as aparentes porque, embora Mato Grosso do Sul seja banhado pelas bacias dos rios Paraguai e Paraná, além do Aquífero Guarani, a água precisa ser utilizada racionalmente. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) cada pessoa necessita de cerca de 110 litros por dia de água para atender as necessidades de consumo e higiene. No Brasil, o consumo por pessoa chega a 200 litros ao dia.
É preciso economizar, porque a pressão demográfica, a aceleração da urbanização, mudanças climáticas, aquecimento global entre outros fatores agravam o cenário futuro.
De acordo com o Relatório do Desenvolvimento Humano – PNUD/2006 , nos países em desenvolvimento, uma em cada cinco pessoas, não tem acesso a uma fonte de água confiável. Em diversos países mais pobres, apenas 25% das famílias mais carentes têm acesso à água potável canalizada em casa.
Estudo do Ministério da Saúde constatou que a cada 10% de elevação no índice de cobertura de abastecimento de água, há uma redução de 2,7% no coeficiente de mortalidade infantil.
No mundo, o acesso à água imprópria afeta quase 2 bilhões de pessoas, sendo que cerca de 5 milhões morrem, anualmente, por causa de doenças relacionadas à falta de acesso ao saneamento básico ou ao uso inadequado da água para o consumo humano. Cabe notar que as crianças são as vítimas mais expostas a esse tipo de problema.
Larissa Almeida, da Assessoria de Comunicação da Sanesul