Campo Grande (MS) – O Estabelecimento Penal Feminino de Regimes Semiaberto, Aberto e de Assistência às Albergadas de Campo Grande (EPFRSAAA-CG) iniciou este mês uma oficina de artesanatos, como forma de levar ocupação produtiva, profissionalizante e que também auxilie como fonte de renda a reeducandas que ainda não foram encaminhadas para o mercado de trabalho.
Além dos tradicionais artesanatos em crochê, as peças também são feitas com materiais reaproveitados como cascas de côco, filtros de café, etc. Os trabalhos das detentas são coordenados pela agente penitenciária Maria Terezinha de Oliveira Lopes, que é formada em artes visuais e utiliza o seu conhecimento técnico para capacitar e orientar as artesãs.
O foco da primeira produção é de temas natalinos, para a venda na Feira Artesão Livre – Natal, que será realizada no Fórum de Campo Grande, de 5 a 7 dezembro. Será a 7ª exposição promovida por meio de parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), Ministério Público Estadual, Conselho da Comunidade de Campo Grande e Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ/MS). Esta será a primeira vez que a unidade prisional irá expor no evento.
Para a implantação da oficina, foram doadas linhas e agulhas pelo Conselho da Comunidade de Campo Grande. A 50ª Promotoria de Justiça, por meio da promotora Renata Goya, também ofereceu nove novelos de lã, além da quantia de R$ 200,00 para compra de materiais.
Em média, nove internas trabalham no local e, além do ganho financeiro com a comercialização dos produtos, elas também têm direito à remição de um dia na pena a cada três trabalhados, nos casos previstos em lei.
De olho no aquecimento do comércio na época de Natal, os trabalhos estão sendo direcionados, principalmente, a peças temáticas, como árvores de mesa, bolas decorativas, entre outros, bem como itens para o dia a dia e uso geral, como caminhos de mesa, enfeites e sousplats (um tipo de suporte para prato, muito utilizado em festas e eventos especiais).
De acordo com a diretora do presídio (em substituição legal), Cleide Santos do Nascimento Freitas, o projeto é que seja uma oficina permanente, que tenha uma proposta sustentável. “Buscamos produzir peças originais, com aproveitamento também de materiais recicláveis, mas sem deixar de lado a qualidade e o bom gosto”, enfatiza. A intenção, segundo ela, é que os materiais possam ser vendidos em feiras e eventos da cidade. “Por meio da Divisão de Trabalho da Agepen, estamos buscando parcerias para ampliar as possibilidades”, informa.
Profissionalização
O diretor-presidente a Agepen, Aud de Oliveira Chaves, destaca que o trabalho de artesão é legalmente reconhecido. “É uma ocupação digna que poderá servir como profissão quando saírem da prisão”, ressalta. “Essa nova oficina implantada no presídio semiaberto feminino da Capital ajuda a combater a ociosidade das custodiadas, além de proporcionar novas perspectivas de reinserção social”, complementa.
Conforme o dirigente, a iniciativa também é mais um exemplo do sucesso nas parcerias estabelecidas pela Agepen, assim como a Feira Artesão Livre. “Temos no Ministério Público, Poder Judiciário, conselhos da comunidade, entres outros importantes parceiros que contribuem para que ações de sucesso sejam realidade no sistema prisional de Mato Grosso do Sul”, agradece.
Ao abrir frentes de trabalho para a população carcerária, aponta Aud Chaves, a sociedade como um todo também é beneficiada, pois as pessoas em situação de prisão passam a ter a consciência do trabalho e outra visão de vida, diminuindo a possibilidade de reincidência criminal.
Keila Oliveira – Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen)
Fotos: Agepen