Campo Grande (MS) – Com foco em possibilitar o diagnóstico precoce da tuberculose, uma unidade móvel dotada de laboratório e equipamento de raio x digital, entre outros itens, está sendo montada para atender servidores penitenciários e reclusos do Sistema Prisional de Mato Grosso do Sul. Pioneira no País, a iniciativa poderá servir de referência para o Ministério da Saúde para ser aplicada em outros estados.
A ação faz parte do projeto “Identificação Precoce da Tuberculose no Sistema Prisional do Estado do Mato Grosso do Sul”, realizado por meio de parceria entre o Governo do Estado, através da Secretaria de Estado de Saúde (SES) e da Agência Estadual de Administração Penitenciária (Agepen); Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD); Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Segundo o diretor-presidente da Agepen, Ailton Stropa Garcia, a doença é considerada uma das maiores preocupações da saúde prisional em todo o Brasil, devido ao ambiente de confinamento e aglomeração nos presídios, o que aumenta o risco de contágio da doença. “Com a unidade móvel, estaremos possibilitando assistência aos servidores, que também são considerados grupo de risco de contrair a tuberculose, já que mantêm contato direto com os internos”, ressalta.
O coordenador do projeto e pesquisador da UFGD e da FIOCRUZ, Júlio Croda, destaca que, com a unidade móvel, a intenção é que seja realizado o monitoramento ao menos uma vez por ano em todos os presídios. “Queremos que as chances de tratamento e cura sejam maiores e mais efetivas”, informa o médico infectologista, que desde 2012 desenvolve projeto de combate à tuberculose em estabelecimentos penais do Estado.
Segundo Croda, a ação tem a participação de cinco pesquisadores, e conta com uma equipe formada por três médicos, oito enfermeiros e, aproximadamente, 30 alunos dos cursos de Medicina, Enfermagem, Farmácia, Biotecnologia e Biologia.
O secretário de Estado de Saúde, Nelson Tavares, e o diretor presidente da Agepen se reuniram recentemente para tratar da execução do projeto. Pela proposta, a SES ficará responsável por fornecer a estrutura de baú blindada, onde funcionará os laboratórios. O caminhão e os demais componentes serão fornecidos pelas universidades parceiras. Também participaram do encontro o diretor de Assistência Penitenciária da Agepen, Gilson Martins, e o pesquisador da UFMS, Everton Ferreira Lemos, entre outros.
Pelo projeto, que deverá ser posto em prática em janeiro de 2016, os trabalhos serão realizados inicialmente nos estabelecimentos prisionais de Campo Grande e Dourados, que concentram o maior número de custodiados e servidores, sendo posteriormente estendidos aos demais municípios onde a agência penitenciária possui unidade.
Keila Oliveira