Dourados (MS) – Pães produzidos pelas mãos de detentos da maior unidade prisional de Mato Grosso do Sul estão servindo para reforçar a alimentação de crianças e adolescentes atendidos pela Instituição Agrícola do Menor (IAME). Todas as semanas, mais de 200 pães congelados são levados da Penitenciária Estadual de Dourados até o local, que atualmente abriga 10 meninos, entre 8 e 18 anos, em situação de acolhimento.
A doação é mais uma ação social da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), por meio da direção do presídio, que visa unir o trabalho prisional em benefício da sociedade.
Com a missão de reintegração familiar, a Instituição Agrícola do Menor busca preparar os jovens para a autonomia, por meio do oferecimento de cursos profissionalizantes, contraturno escolar, acompanhamentos psicológicos, apadrinhamento afetivo e atividades sociais. “O foco do nosso trabalho é que, quando tiverem a maioridade, eles possam se tornar cidadãos de bem, constituírem sua própria família, pessoas que vão colaborar com a sociedade e fazer a diferença”, ressalta a diretora da IAME, psicóloga Kelly Gaviolli.
Segundo ela, os pães são a base do café da manhã e do lanche da tarde dos jovens. “Esses pães já vêm calculados para a semana inteira, então supre essa necessidade deles. Antes dessa doação, muitas vezes não tínhamos esse reforço para essas refeições diárias”, comenta.
No final do ano passado, a IAME também foi contemplada pela Agepen com a entrega de bolas esportivas e panetones feitos na PED, através do Projeto “Além dos Muros”. A partir dessa iniciativa, o instituto passou a receber verduras cultivadas na unidade semiaberta masculina da cidade, mas, com a reativação da horta cultivada pelos próprios adolescentes, não foi mais necessário.
Realizada desde o início de 2018, as doações de pães pela PED começaram após a solicitação de um dos padrinhos voluntários da IAME, o advogado criminalista Antônio Edilson Ribeiro, que viu no sistema prisional, e nas várias ações sociais que já são desenvolvidas pela agência penitenciária, uma chance de ter uma colaboração a mais para o projeto. “Então solicitamos à direção do presídio e fizemos os encaminhamentos ao Ministério Público e à Vara de Execução Penal de Dourados, e todos foram bastante atenciosos com nossa causa”, agradece.
Para o padrinho voluntário, a iniciativa é muito importante, já que a instituição sobrevive basicamente de doações e possui uma ajuda do município. “Se fosse necessário comprar, seria bastante oneroso”, comenta Antônio Edilson.
Segundo o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, iniciativas como esta são importantes para o sistema penitenciário. “Com esses trabalhos sociais levamos ocupação aos internos, e também os ajudam a ter novos valores, que contribuem para reinserção social e não reincidência no crime. É positivo para todos os lados, tanto para quem recebe, como para quem doa”, afirma. “São pequenos gestos que podem fazer a diferença também para a nova geração”, complementa.
Panificação na PED
Além de ajudar a quem realmente precisa, a panificação na Penitenciária Estadual de Dourados representa capacitação profissional, trabalho remunerado e ocupação produtiva para os reeducandos que atuam nesta oficina.
Inaugurada há seis anos, a padaria da PED também ajuda a reforçar a alimentação dos mais de 2600 internos do local, por meio da empresa responsável pela alimentação dos custodiados. Além disso, a produção abastece as duas unidades prisionais de regime semiaberto e o Patronato Penitenciário da cidade. Toda a administração da padaria é acompanhada pela Vara de Execução Penal da Comarca.
A oficina funciona diariamente durante 16 horas, com oito reeducandos trabalhando, divididos em dois grupos que se revezam. No espaço, constantemente cursos de qualificação na área são oferecidos. Com isso, a produção é variada, são feitos pães franceses, doces, de hambúrguer, de forma etc. Em média, são produzidos, cerca de 4 mil pães por dia.
Parte dos equipamentos do local foi adquirida por meio do projeto “Padaria Escola”, desenvolvido pela Agepen, em convênio com o Departamento Penitenciário Nacional (Depen). O restante foi comprado com recursos próprios do presídio.
De acordo com o diretor da PED, Antônio José dos Santos, atualmente 600 internos trabalham no estabelecimento penal. Além da padaria, existem oficinas de costura, barbearia, cozinha, costura de bolas, fabricação de tanques e pias em concreto (para atender a própria unidade), reciclagem, entre outros serviços. Cada três dias de serviços prestados pelos detentos garantem a eles desconto de um dia no total da pena imposta. No caso do trabalho em oficinas instaladas por meio de parcerias com empresas, também é oferecida remuneração.
Serviço
Quem quiser contribuir com a Instituição Agrícola do Menor pode entrar em contato pelo telefone (67) 98432-2657 (Kelly) ou pelo e-mail: iameddos@gmail.com.
Publicado por: Keila Terezinha Rodrigues Oliveira