Campo Grande (MS) – Peritos criminais da Unidade Regional de Perícia e Identificação (URPI) de Três Lagoas, esclarece homicídio através de vestígios deixados no local do crime. A investigação pode ser comparada às séries criminais que muitas pessoas conhecem apenas pela televisão.
O réu, Ercílio Privatelli, um senhor de 62 anos foi julgado e condenado pela justiça este ano, por homicídio qualificado por motivo fútil e fraude processual qualificada, de José Cícero de Oliveira, morto em julho de 2007, quando tinha 44 anos. Para tentar burlar as investigações, o autor após matar a vítima a tiros, simulou um acidente de trânsito com incêndio e carbonização do corpo da vítima.
Para provar que a vítima não morreu de acidente e chegar a autoria do crime, os peritos criminais montaram um verdadeiro quebra-cabeças, seguindo dos mínimos e quase invisíveis rastros deixados pelo autor e chegando a exumação do corpo, onde através de minucioso exame, o médico legista Ronaldo Rosa encontrou lesões causadas por disparos de arma de fogo, bem como um projétil.
Em outra ponta, peritos criminais especialistas em biologia e química, por exemplo, fizeram inúmeros exames periciais no veículo da vítima e no local do crime, fazendo inclusive a reconstituição do crime. Durante o trabalho foi localizado no carro, um par de óculos do autor com manchas de sangue da vítima.
Os exames periciais comprovaram a existência nos óculos, de material genético do autor, comprovando a presença no local dos fatos. Segundo o perito Romeu Pereira da Silva Rosa, chefe da URPI de Três Lagoas, foram necessários esforços de diversos peritos da regional de Três Lagoas, do Instituto de Análises Laboratoriais Forenses e do Instituto de Criminalística de Campo Grande para montar o quebra-cabeças.
Outra parceria importante foi com Ministério Público Estadual. “Tivemos que nos reunir muitas vezes para poder identificar brechas que precisávamos fechar. A promotoria também nos informava o que era necessário para atender a questão processual”, relemba o perito criminal Milton César Furio, que atuou no caso.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Peritos Oficiais de Mato Grosso do Sul, Antônio César, o brilhante trabalho das instituições envolvidas, principalmente na produção de provas, permitiu elucidar os fatos. “A busca pela verdade é o que norteia o trabalho dos peritos oficiais”, enfatiza.
De acordo com a Polícia Civil, o homicídio foi motivado por ciúmes, já que Privatelli suspeitava que o administrador de fazenda José Cícero tinha um relacionamento com mulher dele. O filho do acusado chegou a assumir a participação de tocaia e, segundo o Ministério Público Estadual, no velório da vítima pediu desculpas à viúva. O rapaz morreu em acidente de trânsito antes do julgamento.
Condenação
Pelo crime de fraude processual qualificada, o acusado foi condenado a seis meses de prisão, mas a pena foi extinta pela prescrição. Pelo homicídio qualificado, Ercílio Privatelli foi sentenciado à pena de 14 anos de prisão, com direito de recorrer da decisão em liberdade.
Atuaram no caso os peritos criminais Milton Cesar Furio, Paulo Roberto Oliveira, Rogério Oliveira, Maria Cristina Fabris, Josemirtes Prado da Silva e a agente de polícia científica Mirian Barbosa, que elaboraram os laudos conclusivos e definitivos. O investigador de polícia judiciária Oldenir Lopes também teve papel importante na realização da radiologia no procedimento necroscópico depois da exumação.