Campo Grande (MS) – Reeducandos do Instituto Penal de Campo Grande (IPCG) e do Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho (Segurança Máxima da Capital) estão sendo capacitados no curso Livre de Teologia, oferecido pela Faculdade de Treinamento Ministerial (FTM). A iniciativa faz parte de uma parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) e a Igreja Batista.
Totalmente gratuito, o curso tem duração de dois anos e é dividido em Teologia Fundamental e Avançada, sendo as aulas transmitidas pela televisão, com a presença de um monitor, que é teólogo formado. A qualificação conta atualmente com a participação de 74 internos do IPCG e de 40 da Máxima.
Segundo o representante da FTM em Campo Grande, pastor Dinart José Souza, o curso tem validade como graduação de nível superior, pois é certificado pela Cesumar. “O aluno terá três anos para comprovar a conclusão do ensino médio, ir à uma faculdade que temos convênio aqui em Campo Grande e certificar o ensino superior, com todas as garantias, até mesmo para prestar concurso”, informa.
O diretor-presidente da Agepen, Ailton Stropa Garcia, destaca que a capacitação está contribuindo para o trabalho de assistência religiosa e educativo, pilares adotados pela instituição na busca pela ressocialização dos custodiados. “Esse curso une religião e educação e proporciona transformação de dentro para fora. Acredito que essas pessoas que estão sendo capacitadas também serão ‘agentes de transformação’ dos demais”, afirma.
Preso há 24 anos, entre saídas para o semiaberto e retorno ao fechado, o reeducando Rogério Oliveira Figueira, 38 anos, garante que encontrou na religião o caminho para uma vida diferente e no curso uma grande oportunidade de se capacitar. “Aceitei Jesus há cinco anos e hoje me dedico a levar a palavra de Deus aos meus companheiros aqui no presídio, sou responsável por duas celas evangélicas, e acredito que o que estou aprendendo me fará crescer na graça e conhecimento de Deus”, afirma, revelando que já tem planos de atuar na missão religiosa quando deixar a prisão, com trabalhos voltados para dependentes químicos, ex-presidiários e prostitutas.
De acordo com o pastor Marcos Ricci, responsável pela condução do curso nos presídios, a capacitação é inédita no país, já que o Mato Grosso do Sul foi o primeiro estado a conseguir pôr em prática a capacitação. “Iniciamos com uma turma no Instituto Penal em abril e no mês passado na Máxima. Nossa intenção é possibilitarmos o acesso de mais internos dessas unidades e levarmos o curso também para o Centro Penal da Gameleira”, informa.
Assistência Religiosa
Garantida por lei, em Mato Grosso do Sul a assistência religiosa é realizada por meio de agentes de diferentes denominações, que levam palavras de amor e fé aos custodiados, possibilitando que eles reflitam e acreditem em uma nova vida longe da criminalidade. Conforme informações da Divisão de Promoção Social da Agepen, atualmente, 14 denominações religiosas atuam nas unidades prisionais.
Este ano foi criado um grupo formado por representantes de diferentes denominações religiosas e por servidores penitenciários com o intuito de agregar conhecimentos para que novas frentes de atuação sejam implementadas. Um dos resultados já apresentados foi a reformulação da Portaria da Agepen que normatiza a atuação de agentes religiosos em presídios. Entre as melhorias estabelecidas, está a abertura de mais locais para o credenciamento das instituições e agentes religiosos, facilitando o trabalho desses parceiros.
Keila Oliveira