Ponte de madeira sobre vazante na MS-228, próximo ao Morro Grande, foi totalmente destruída pelo fogo
O fogo que se alastrou pelos campos das fazendas que circundam a MS-228 (Estrada-Parque), em Corumbá, desde a última quarta-feira (5), deixou um rastro de destruição e uma ponte de madeira sobre uma vazante, construída pelo Governo do Estado, totalmente queimada. A vegetação ainda queima e a fumaça tomou conta da região, encobrindo a estrada.
Grande parte da estrutura da ponte virou cinzas, enquanto a vazante acumula água no seu entorno. Técnicos da Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) foram informados por moradores que o fogo foi levado pelos fortes ventos da Baía Negra, uma APA (Área de Preservação Permanente) localizada ao Norte, em Ladário, contornando a morraria.
As chamas chegaram à estrada e impediram o acesso dos bombeiros de Corumbá à ponte. Os focos de calor reacendem por vários lugares, exalando forte cheiro, mas não espantam as aves, que continuam se concentrando nos poucos alagados em busca de comida. O tráfego na MS-228 está normal na ponte destruída: um desvio pelas terras de uma fazenda transpôs a vazante.
A reconstrução da travessia em caráter emergencial, anunciado pelo Governo do Estado, trouxe alento aos fazendeiros dos pantanais do Abobral e Nhecolândia, que dependem da estrada para escoamento de bovinos para o planalto. O acesso também atende o trade turístico e o Porto da Manga, comunidade ribeirinha que margeia o Rio Paraguai.
“O compromisso assumido pelo governo nos tranquiliza, pois já sofremos com uma grande seca, que afeta os animais, e sem estrada seria um grande prejuízo”, afirma Luciano Leite, presidente do Sindicato Rural de Corumbá.
Fogo muda de direção
O Corpo de Bombeiros de Corumbá desativou a estrutura montada na Serra do Amolar, ao Norte de Corumbá, após três dias de combate aos focos de calor que ameaçavam a reserva Novos Dourados e a comunidade ribeirinha situada no pé da morraria. O fogo intenso na margem oposta do Rio Paraguai foi combatido por 12 bombeiros e brigadistas do PrevFogo.
Ontem (10/8), os incêndios foram controlados e o helicóptero Pantera, do Exército, iniciou a remoção dos homens para a cidade. Uma turma ainda pernoitou em um alojamento da reserva Serra Negra, onde a aeronave não conseguiu pousar devido a densa fumaça que cobre a região. O transporte da equipe, formada por seis bombeiros, ocorrerá na manhã desta terça-feira.
Segundo Ângelo Rabelo, diretor do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Ong que gerencia a reserva Novos Dourados, o fogo deixou o Amolar em direção ao Rio Taquari, entre os pantanais do Paiaguás e Nhecolândia, Nordeste de Corumbá. “Os focos podem dar uma trégua aqui (Amolar), mas virar um inferno do lado de lá”, alertou o ambientalista.
Contabilizando os prejuízos
Em algumas áreas da Nhecolândia, centro criatório da planície pantaneira, os incêndios já chegaram e devastaram pelo menos três mil hectares de pastagem nativa e formada. Os proprietários ainda não têm extensão dos prejuízos e fazem levantamento dos rebanhos. O fogo queimou 1.600 hectares da Fazenda Itá e 1.300 hectares da Fazenda Paiol.
“É época de parição de bezerros, não sabemos se o fogo chegou a invernada das vacas paridas”, afirma Fabiano Camponez Salles Pereira, supervisor da Itá. “O fogo foi violento, nos cercou. Tivemos que abrir as porteiras para os animais fugirem. A presença dos bombeiros foi decisiva na orientação aos nossos peões, sem eles teria sido muito difícil controlar.”
A região está em alerta. A forte seca em áreas anualmente inundadas no Paiaguás pelo Rio Taquari favorece aos focos de calor. O Corpo de Bombeiros de Corumbá mantém quatro equipes de prontidão e viaturas equipadas com kit pick-up. “Estamos monitorando e aguardando a liberação das aeronaves para ações pontuais”, informou o tenente-coronel Frederick Caldeira.
Sílvio de Andrade, Subcom
Foto destaque: Sílvio de Andrade