Um terreno baldio que acumulava sujeira e acabava comprometendo a segurança no EPA (Estabelecimento Penal de Aquidauana) hoje serve de espaço para abrigar uma horta, cultivada com o trabalho de internos, de onde são colhidas hortaliças fresquinhas que reforçam a alimentação de famílias carentes da região. A iniciativa é uma das ações de responsabilidade social adotadas pela Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) que beneficiam diretamente quem mais precisa.
“Aproveitamos essa área que estava suja e sem utilidade, com a criação da horta. Além de ter dado visibilidade do trabalho prisional, conseguimos também evitar o acesso que antes era utilizado para arremesso de ilícitos para dentro da unidade penal”, explica o diretor do EPA, Claudio dos Reis Alviço, idealizador do projeto. Inicialmente, a ação teve o apoio do Lions Clube, com a doação de sementes.
Localizado ao lado do presídio, o espaço foi cedido pelo Estado no ano de 2021. Inicialmente, segundo o dirigente, a ideia era produzir hortaliças para o consumo dos reeducandos e servidores da unidade, ofertando uma melhoria no consumo e hábito alimentar.
No entanto, com o decorrer da produção, a direção do presídio se uniu às secretarias de Assistência Social e de Produção do município, possibilitando ampliação e melhor estrutura para o cultivo, surgindo o projeto “Parceiros da Rede”. Por meio das parcerias, foram disponibilizados máquinas agrícolas e insumos necessários para o plantio, além de materiais como sombrites e mangueiras para a confecção de novos canteiros.
Produção em expansão
Após tudo preparado, a produção aumentou de forma significativa, passando então a atender famílias de baixa renda assistidas pelo Cras (Centro de Referência de Assistência Social) da cidade, com uma média de cinco a sete caixas repassadas todas as semanas. Hoje, também são atendidos, semanalmente, com o fornecimento de verduras os projetos: Bombeiro do Amanhã, Pelotão Esperança do Exército e a Casa de Acolhimento, que recebe as crianças que estão sob guarda em cumprimento à determinação judicial.
“A realidade da horta hoje é o fruto da ação conjunta de órgãos públicos dedicados a um trabalho que veio atender famílias e crianças assistidas por projetos sociais no município, assim, a Agepen segue firme na missão em cumprir com a responsabilidade da ressocialização dos detentos das unidades prisionais de Aquidauana”, destaca o diretor do EPA.
Para Alviço, não é apenas uma horta, mas um local de desenvolvimento humano. “É como se pudéssemos plantar esperança e colhermos a certeza que o melhor está sendo feito, com o envolvimento direto e diário de servidores, presos, comunidade e poder público”, afirma. “Vai muito além do cumprimento de um dever, pois é possível ver nos olhos dos policiais penais a satisfação de contribuir de fazer a diferença na vida de pessoas. Espero que, mesmo diante de qualquer adversidade, possamos continuar a plantar e a colher ‘frutos’ deste projeto”, complementa.
No local são cultivados, basicamente, cebolinha, salsinha, alfaces, couves, pimentão, pimenta, berinjela, rúcula, almeirão e coentro. Atualmente, a manutenção da horta exige a dedicação diária de quatro internos do regime fechado e, quando necessário, tem o apoio de reeducandos do semiaberto. Pelo trabalho, recebem remição de um dia na pena a cada três de serviços prestados, em conformidade com a LEP (Lei de Execução Penal).
O interno Juscelino Gomes Pepi é um dos responsáveis por manter a horta produtiva e afirma se sentir privilegiado por integrar o projeto. “Além de ser uma área que gosto de trabalhar, me sinto parte de uma ação que faz a diferença na vida de crianças”, comenta.
Keila Oliveira, Agepen
Fotos: Divulgação/Agepen