Campo Grande (MS) – Teve início na manhã desta quarta-feira (22/4) a ação de combate aos focos de queimadas no Pantanal de Corumbá, com a participação de dois aviões Air Tractor do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso e Distrito Federal e o helicóptero da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul. Os focos se concentram no Parque Nacional do Pantanal, entre Corumbá e Poconé (MT), e na região da Baia Vermelha, próxima à fronteira com a Bolívia.
Além das aeronaves, a força-tarefa criada pelo Governo do Estado mobiliza 37 bombeiros e brigadistas para a área, onde estima-se que pelo menos 100 mil hectares foram queimados desde o mês de março. O forte calor e o baixo índice de chuvas no Pantanal este ano, com previsão de uma seca intensa, foram fatores predominantes para a ocorrência de novos focos em um período atípico. As causas, no entanto, apontam para crime ambiental.
“Não há combustão espontânea, o fogo surgiu próximo a acampamentos de pescadores profissionais, em áreas de roças na margem dos rios e também na limpeza de campos em fazendas”, informou o tenente-coronel Ângelo Rabelo, do Instituto Homem Pantaneiro (IHP). A ong coordena a Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar e iniciou o combate às queimadas com apoio da Marinha, Ibama, Polícia Ambiental (PMA) e ICMbio.
Logística, o desafio
Os Air Tractor de Mato Grosso e do Distrito Federal, que contam com uma bolsa para 3.200 litros de água, decolaram às 9h30 do aeroporto internacional de Corumbá com destino a Fazenda Santa Tereza, onde foi montada a base operacional. Os focos detectados no Pantanal se concentram nesta propriedade, em um vale da morraria do Amolar, entre o Rio Paraguai e a fronteira com a Bolívia. O fogo no Parque Nacional do Pantanal já estaria perdendo força.
Integrando a força-tarefa, o tenente-coronel bombeiro Waldemir Moreira Junior, chefe do Centro de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros/MS, explicou que as dificuldades de acesso aos focos exigirão um esforço muito grande no combate ao fogo. “O problema é como chegar a água e o combustível para as aeronaves a uma distância de 150 km de Corumbá. Os aviões terão que retornar à cidade para abastecer duas vezes ao dia”, informou.
Moreira adiantou que a prioridade da ação coordenada pelo Governo do Estado, por meio da Semagro (secretaria estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), é a área privada, onde se concentram unidades de conservação. A Fazenda Santa Tereza tem pista de pouso e montou um reservatório com 10 mil litros de água para abastecer as aeronaves. A Fazenda Jatobazinho, do mesmo grupo, alojará os bombeiros.
Biomassa acumulada
O tenente-coronel disse que os Air Tractor deverão operar com capacidade limitada de água devido às dimensões das pistas de pouso. “Para carregar 3.200 litros necessitam decolar com 1.500 metros, mas as pistas não chegam a mil metros”, explicou. Dez bombeiros, das unidades de Jardim e Aquidauana, seguiram de barco para a Jatobazinho, de onde serão deslocados para a área dos focos pelo helicóptero da PM/MS, que chega na região à tarde.
“Fizemos um primeiro sobrevoo na área e constatamos que o fogo no Parque Nacional do Pantanal tende a se extinguir, pois avança para áreas mais úmidas, que são aceiros naturais. Assim, vamos nos concentrar nos focos mais a Nordeste de Corumbá, sincronizando as operações aéreas com os combates por terra”, adiantou Moreira. Na terça-feira, os Air Tractor fizeram lançamentos de água em focos reincidentes em frente a cidade de Corumbá.
A operação no Pantanal não tem data para conclusão e exige monitoramento constante para garantir a extinção dos focos. A existência de biomassa acumulada na região e a ação do homem são “combustíveis” para a propagação do fogo em grande intensidade. Somente em abril o número de focos de queimadas no município é superior a três mil, volume recorde em onze anos, e as condições climáticas devem se manter com temperaturas elevadas e sem chuva.
Texto: Sílvio de Andrade – Subsecretaria de Comunicação (Subcom)