Campo Grande (MS) – Presentes no calendário cultural de todo o Brasil, as tradicionais festas caipiras também acontecem em presídios de Mato Grosso do Sul. Os festejos foram realizados em 27 unidades por meio de parceria entre Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) e a Escola Estadual Polo Professora Regina Anffe Nunes Betine, responsável pelo ensino prisional no Estado.
A comemoração faz parte da programação escolar dos internos e tem como objetivo contribuir com a reintegração social, além de proporcionar momentos de confraternização, garantindo mais harmonia ao ambiente carcerário.
Com os estabelecimentos prisionais enfeitados por bandeirolas e ao som da sanfona, foram apresentadas danças tradicionais, desfile de andores; casamento caipira além de apresentações teatrais, de dança e competições de “casais mais animados”. E como não poderia faltar nesse tipo de festa, também são servidas guloseimas típicas dessa época, como bolo de milho, canjica, “chatão” (chá de gengibre, numa referência ao famoso quentão), cachorro-quente, pipoca entre outros.
Mas, apesar de o festejo ser um momento de descontração e de “liberdade” para os reeducandos, o grande objetivo da realização no presídio é possibilitar que os internos se sintam mais valorizados e inseridos na vida que acontece fora dos muros da unidade penal, sendo a educação a grande janela para isso.
Conforme o cronograma oficial, as festas caipiras deste ano tiveram início no dia 17 de junho, no Centro de Triagem e prosseguiram até esta quinta-feira (9) com a comemoração nos estabelecimentos penais de Aquidauana, Amambai e feminino de Rio Brilhante.
Entre as unidades, destaque para o “Arraiá do Zorzi”, no presídio feminino de regime fechado da Capital, marcado pela alegria e descontração das custodiadas, que puderam cantar, dançar e apreciar as comidas típicas. Também teve premiação para os casais eleitos mais animado, o mais elegante e o mais original.
Para a diretora do Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi” (EPFIIZ), Mari Jane Boleti Carrilho, a iniciativa incentiva às custodiadas, oferecendo oportunidade de descontração, sociabilização e ampliação de seus conhecimentos através das atividades diversificadas que fazem parte do folclore brasileiro, ressaltando os aspectos populares relacionados ao tema.
Reeducandos do Instituto Penal de Campo Grande (IPCG) tiveram uma festa marcada pela alegria e o incentivo à cultura e à educação. Com a quadra da unidade penal enfeitada por bandeirolas e ao som de músicas caipiras, os internos puderam cantar, dançar e apreciar guloseimas típicas. Numa interação entre professores e internos/estudantes, a apresentação da quadrilha demonstrou o empenho para realizar uma grande comemoração, digna de horas de dedicação.
Em Jardim, Estabelecimento Penal Máximo Romero, alunas Escola Estadual Coronel Rufino fizeram apresentação de danças típicas; já os internos puderam cantar, tocaram violão e leram algumas lendas, incentivando as manifestações folclóricas, que mantêm vivas as tradições e costumes de um povo.
No Estabelecimento Penal Feminino de São Gabriel do Oeste, houve torneio de bozó e concurso de cartazes com temas juninos além dança de quadrilha e muita festa.
Brincadeiras e danças típicas também marcaram os festejos no Estabelecimento Penal de Paranaíba, além da realização de uma gincana cultural, bingo, apresentação de um poema e degustação de comidas de típicas.
Em Jateí, no Estabelecimento Penal “Luiz Pereira da Silva”, a festividade contou com a apresentação de músicas, danças, poesias e piadas caipiras. O evento foi prestigiado pela primeira-dama do município, Mafalda Maria Targino, entre outras personalidades locais. A festa teve direito a um cardápio variado, tudo regado a muito chá de milho e de amendoim.
Com foco na produção de conhecimento, a comemoração na Penitenciária de Três Lagoas foi totalmente associada ao conteúdo trabalhado em sala de aula em todas as disciplinas. Foram promovidas aulas expositivas e leituras de textos teóricos acerca das festividades juninas, como: literatura pertinente à cultura caipira; análise e comparação de quadros estatísticos sobre a produção rural no Brasil; origem das festividades juninas e o papel do homem do campo na consolidação do Brasil enquanto nação, entre outros; além da realização de brincadeiras e danças típicas.
No Estabelecimento Penal de Rio Brilhante, a tradicional festa teve brincadeiras e desafios entre os internos. Para finalizar, foi servido um lanche a todos os reeducandos, além de um “crentão”, nome que os organizadores deram à mistura de suco de uva com gengibre.
Encerrando o calendário de comemorações nos presídios do Estado, o Estabelecimento Penal de Amambai promoveu nesta quinta-feira (9) apresentações teatrais e “casamento caipira”, com direito também a muita comida típica. O festejo também marcou o encerramento das atividades escolares do 1º semestre deste ano.
Keila Oliveira – Agepen