Campo Grande (MS) – Em torno de 800 peças artesanais confeccionadas em estabelecimentos penais da Capital e interior estão sendo comercializados na 8ª Feira Artesão Livre – Especial Dia das Mães. Desta vez, a exposição está sendo realizada no Fórum da Capital e a abertura foi realizada na tarde dessa quinta-feira (10.5) e termina dia 11 de maio até às 18h.
Desde 2014, a feira é realizada duas vezes por ano e a novidade desta edição é que estão sendo comercializados maior variedade de artesanatos, entre eles, bonecas de pano, artesanatos em tecido, peças fabricadas com material reciclável como restos de madeiras e pneus.
Segundo a chefe da Divisão do Trabalho da Agepen, Elaine Cecci, o artesanato é apenas uma das frentes de ocupação produtiva realizadas nas unidades penais do Estado. “Para as próximas edições, vamos ampliar a participação de outros presídios do interior, assim como acolher o trabalho dos egressos”, destacou.
Este ano, a exposição conta com a participação de 400 internos, pela primeira vez, o trabalho de reeducandas dos presídios femininos de Jateí e de Dourados também estão sendo comercializados na feira. Os artesanatos também foram confeccionados por detentos do Instituto Penal de Campo Grande, Presídio de Segurança Máxima, Centro de Triagem, Presídio de Trânsito, Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi” e unidade semiaberta feminina da Capital.
A promotora da 50ª Promotoria de Justiça, Renata Ruth Goya, agradeceu o trabalho desenvolvido pelos agentes penitenciários, que contribuem diariamente com muita dedicação para que a feira aconteça. ”Além da comercialização, o objetivo principal da feira é mostrar à população o que é desenvolvido dentro do sistema prisional também”, complementou.
A exposição acontece por meio de uma parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), Poder Judiciário, Ministério Público e Conselho da Comunidade da capital. A Feira Artesão Livre também aconteceu no Cijus nos dias 07 e 08 de maio, possibilitando maior divulgação das peças.
A feira reúne artesanatos exclusivos, de qualidade e com preços acessíveis, podendo representar uma interessante opção de presente. Dentre as peças estão tapetes, jogos para banheiro, trilhos de mesa, cobre-bolos, bonecas, chaveiros, bolsas, móveis em madeira, camas para pets feitas com pneus e enfeites em geral. Está sendo aceito cartão de débito e crédito. A renda das vendas será revertida para os próprios custodiados e familiares.
Cliente assídua da feira, Patrícia Lacerda, que atua na Execução Penal do Ministério Público afirma que participa todos os anos da exposição. “Hoje comprei um conjunto de sousplat para presentear a minha mãe e estou escolhendo outros produtos, é tudo muito bem feito”, parabenizou.
Já para a economista e empresária Cristina Luzia de Oliveira Rubert, que adquiriu diversas peças, muito mais que comprar um artesanato é poder ajudar um próximo que, na visão dela, é muito discriminado na sociedade do País e do mundo. “Muitas pessoas gostam só de olhar os internos já com a penalidade deles, só que esquecem que também são seres humanos e filhos de Deus e todos nós devemos amar sem distinção”, argumenta Cristina que já foi integrante da Pastoral Carcerária de São Paulo e da Capital.
Acompanhando a exposição desde a primeira edição, o diretor de Administração do Fórum, Paulo Cesár Pereira de Freitas, ressaltou a grande evolução dos trabalhos desenvolvidos pelos internos como também a satisfação do público. “Todos elogiam muito os trabalhos que estão melhorando a cada edição, essa aproximação entre o sistema prisional e a sociedade é fundamental para que tenham um olhar mais humano para o interno, de forma que possa contribuir com a sociedade de alguma forma”, afirmou.
Para o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, este tipo de evento é uma forma de dar visibilidade aos trabalhos que são realizados diariamente nas unidades prisionais. “É uma forma de levar ocupação produtiva aos detentos, além disso contamos com diversas outras frentes laborais dentro dos presídios do estado que contribuem para a efetiva reintegração social dos custodiados”, argumentou o dirigente.
Estiveram presentes na abertura o juiz da 1ª Vara de Execução Penal, Caio Márcio de Brito; a juíza da 22ª Promotoria de Justiça de Campo Grande, Paula da Silva Volpe; a presidente do Conselho da Comunidade da capital, promotora de justiça Regina Dornte Brock; além de diretores da Agepen e de unidades penais, entre outros.
Texto e fotos: Tatyane Santinoni – Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen)