Para quem está em cumprimento de pena, atividades de leitura e escrita contribuem não só para que voltem a ter aspirações, mas que reflitam também sobre as consequências para quem ingressa no crime. São sentimentos e desejos reproduzidos em folhas de papel, proporcionando a sensação de liberdade e o estímulo para escrever uma história de vida diferente.
Nesse sentido, o Estabelecimento Penal Feminino de Três Lagoas (EPFTL) promoveu o 1º Concurso de Redação, organizado pelo Setor Psicossocial em conjunto com a direção do presídio.
A ação também integrou as atividades do 6° Concurso de Redação pela Defensoria Pública da União (DPU), que este ano está abordando o tema “Entre o céu e o asfalto: onde está a dignidade da população em situação de rua?”. O resultado da disputa nacional está previsto para ser divulgado no dia 14 deste mês.
Para o desenvolvimento do tema abordado, a unidade prisional contou com o apoio do Centro de Referência Especializado para População de Rua (Centro POP) de Três Lagoas, que também participou da cerimônia de premiação da disputa no EPFTL.
Durante a cerimônia de premiação, as custodiadas também assistiram palestras com a psicóloga do Centro POP, Helena Rodrigues Barbosa, e a assistente social Julia Ferreira de Souza, que falaram sobre vulnerabilidades do público atendido.
Na oportunidade, as representantes do Centro POP, informaram sobre os serviços que são ofertados no local e também puderam ouvir depoimentos de internas que já receberam assistência da instituição.
Entre as participantes, o tema teve um significado especial. Atualmente grávida, a reeducanda Valquíria Aparecida de Souza já teve a experiência de ser moradora de rua, inclusive tendo sido atendida pelo Centro POP.
Ela pode traduzir no papel suas vivências e acabou conquistando a 2ª colocação no concurso. Emocionada, Valquíria falou do sofrimento e humilhações sofridas pela população de rua e agradeceu o apoio e atenção que recebeu do Centro POP na época.
A vencedora foi a detenta Valdirene dos Santos Barbosa, também ex-moradora de rua, e o terceiro lugar ficou com a interna Adrieli de Jesus Gonzaga. Ao todo, 10 internas foram classificadas e receberam brindes como premiação.
Para a diretora do EPFTL, Leonice Rocha Guarini, ações como o concurso de redação são importantes no ambiente prisional, pois acrescentam práticas positivas à rotina das custodiadas, contribuindo diretamente no processo de ressocialização e para a não-reincidência no crime.
A dirigente reforçou que a ideia de fazer um concurso local partiu da significância do tema abordado este ano pela DPU, realidade de muitas pessoas em cumprimento de pena. “Puderam relatar experiências de vidas, palavras que realmente saíram do coração”, finalizou.
Keila Oliveira, Agepen
Fotos: Arquivo Agepen