Campo Grande (MS) – Visando áreas do mercado profissional com grande demanda por mão de obra, uma parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) e a Associação Centro das Igrejas Batistas de Mato Grosso do Sul (ACIBAMS) garante a reeducandas do Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi” (EPFIIZ) capacitações nas áreas de recepcionista, balconista de farmácia e agente de limpeza e conservação.
Com carga horária de 30 horas/aula cada, os cursos tiveram início em setembro, com a participação, ao todo, de 60 internas. A realização foi intermediada pela missionária Isabel Cândido, do Ministério Salva Vidas, que há mais de 25 anos atua como voluntária na capelania prisional, levando fé e desejo de mudança a pessoas em situação de prisão.
Segundo o presidente da ACIBAMS, pastor Josiel Caramallac, a escolha dos cursos se deu perante a constatação de que essas áreas possuem grande necessidade de mercado e a maior aceitação de ex-detentos por parte dos contratadores.
“O que nos desperta é o amor ao próximo, e entendemos que precisamos dar oportunidade para que a recuperação realmente aconteça. Buscamos devolver cidadãs que possam tocar as suas vidas normalmente”, destacou Caramallac, elogiando o desempenho das alunas. “Demonstraram muito interesse em tudo que foi ministrado e as avaliações que são aplicadas também confirma isso”, completou.
Destinado a reeducandas que possuem o ensino médio completo, o curso de atendimento e recepção foi concluído nesta semana e envolveu desde etiqueta social, ética profissional, protocolo de documentos, relacionamento interpessoal, atendimento ao cliente, entre outros.
Presa há pouco mais de dois anos no EPFIIZ, Flaviane Nunes Lima, 23 anos, foi uma das capacitadas para atuar como recepcionista. “É uma área que eu me identifico muito e serviu para eu refletir e me atualizar sobre o mundo lá fora. Todo curso ajuda a abrir portas”, agradece a reeducanda, que também ocupa seu tempo trabalhando na cozinha da unidade prisional.
Já a qualificação para atendentes de farmácias e drogarias abordou conteúdos técnicos como noções gerais sobre primeiros socorros em diferentes situações, procedimentos para comércio de medicamentos controlados, novo perfil dos clientes e como cativá-los, gerenciamento de estoque, dúvidas mais frequentes do público, além do funcionamento geral deste tipo de comércio.
Destinado a internas com apenas o ensino fundamental completo, o curso de agente de limpeza e conservação treinou as alunas para atuarem em diferentes tipos de empresa, seguindo as normas sanitárias e de segurança, com técnicas corretas e efetivas de limpeza e uso correto de produtos em diferentes objetos e locais, entre outros temas estudados.
Conforme a diretora da unidade penal, Mari Jane Boleti Carrilho, os cursos profissionalizantes que capacitam as internas para o mercado de trabalho são instrumentos de alcance da dignidade dessas mulheres para quando conquistarem a liberdade. “Para trilhar um caminho de sucesso, nada como a capacitação aliada à educação que são meios efetivos de reinserção social. Esses três cursos que as internas concluíram possuem um vasto mercado de trabalho e uma grande possibilidade de conseguirem um emprego lá fora, então são realmente positivos e funcionais”, afirma ressaltando que o presídio sempre está de portas abertas para cursos como esses, que só agregam valores e benefícios para as reeducandas.
Os três cursos são certificados pela Escola do Trabalhador de Sergipe. Além dos conteúdos específicos, durante as capacitações também foram abordadas noções de segurança no trabalho e como elaborar currículos para conquistar uma vaga no mercado de trabalho.
Para o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, o oferecimento de qualificação profissional aos apenados é uma ferramenta essencial que contribui para a não reincidência no crime. “As capacitações incentivam a mudança de comportamento e novos valores, o que aumenta a possibilidade de reinserção no mercado de trabalho, representando uma vida digna para o reeducando e sua família”, destaca.
Além do EPFIIZ, internas de Corumbá também estão sendo capacitadas por meio de parceria com a Igreja Batista. Posteriormente, a intenção é estender essa iniciativa ao Patronato Penitenciário de Campo Grande, de forma a atender os egressos e reeducandos que estão em livramento condicional.
Texto: Keila Oliveira.