Publicado em 02 dez 2025 • por Joilson Francelino Santana •
Formado por lideranças da Terra Indígena Ñande Ru Marangatu, o conselho passa a atuar como elo entre os moradores e as forças de segurança pública
A Terra Indígena Ñande Ru Marangatu, no município de Antônio João, viveu um fim de semana marcado pelo fortalecimento da cidadania, da prevenção e da participação social na segurança pública. Durante a 8ª edição do Programa MS em Ação: Segurança e Cidadania, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), por meio da Coordenadoria Estadual de Polícia Comunitária, empossou os membros do Conselho Comunitário de Segurança Indígena (CCSind) e promoveu uma capacitação voltada às lideranças locais.
A cerimônia de posse, realizada no sábado (29), integrou a programação do MS em Ação, iniciativa que leva serviços essenciais e ações integradas diretamente às comunidades. O momento simbolizou um avanço significativo para a Terra Indígena Ñande Ru Marangatu, reforçando a construção de uma segurança pública mais participativa, preventiva e alinhada à realidade local.
Formado por lideranças da comunidade Guarani Kaiowá, o CCSind passa a atuar como elo entre os moradores e as forças de segurança pública, fortalecendo vínculos de confiança, ampliando o diálogo e contribuindo para a resolução conjunta dos problemas que afetam a região. A implantação do conselho atende à política estadual de incentivo à participação comunitária na segurança, conduzida pela Coordenadoria Estadual de Polícia Comunitária da Sejusp.



Na sexta-feira (28), véspera da posse, os membros do CCSind participaram de uma capacitação que abordou a legislação estadual, o funcionamento dos conselhos comunitários e a filosofia da Polícia Comunitária — modelo que prioriza a prevenção da criminalidade por meio da integração entre comunidade e forças de segurança.
O treinamento destacou o papel do CCSind como agente de prevenção primária, orientado a identificar riscos, dialogar com as famílias e atuar na mediação de conflitos locais.
Entre os temas trabalhados, ganhou importância o debate sobre o uso e abuso de drogas lícitas e ilícitas, especialmente os riscos associados aos cigarros eletrônicos, vapes e ao tabagismo convencional. A capacitação reforçou que:
- A comercialização de vapes é proibida no Brasil, sendo comum sua relação com o contrabando e outros delitos;
- O consumo desses dispositivos é crescente entre jovens, funcionando como porta de entrada para a dependência de nicotina;
- O tabagismo tradicional permanece como um dos principais fatores de adoecimento, fragilizando indivíduos e famílias;
- O abuso de substâncias psicoativas está diretamente associado ao aumento da violência, incluindo conflitos e casos de violência doméstica.
A orientação buscou instrumentalizar os conselheiros para identificar sinais de vulnerabilidade, encaminhar situações ao serviço de saúde e atuar de forma preventiva dentro da comunidade.
A criação e capacitação do Conselho Comunitário de Segurança Indígena da TI Ñande Ru Marangatu representam um avanço na consolidação de políticas públicas voltadas à segurança cidadã e ao fortalecimento da autonomia indígena.
Ao unir a filosofia da Polícia Comunitária, a valorização das lideranças tradicionais e a atenção aos novos desafios — como o uso de cigarros eletrônicos —, o CCSind reforça o compromisso da comunidade com a promoção da paz, da saúde e da prevenção.
A partir de agora, o conselho passa a desempenhar um papel central na articulação entre comunidade e poder público, contribuindo para uma segurança construída com diálogo, participação e respeito às especificidades culturais da Terra Indígena Ñande Ru Marangatu.
Comunicação Sejusp
Fotos: Matheus Carvalho/SEC